domingo, 23 de agosto de 2009

Lições da repugnancia Reunião Quinzenal de 15/08

A Dra. Carolina Frohener nos trouxe breve revisão sobre seus estudos a respeito da repugnancia como dimensão psicológica e suas conexões com a psicopatologia. A apresentadora apresentou, sob um enfoque evolucionista, evidencias que sugerem que muitos domínios psicológicos relativos à nossa capacidade de reagir com aversão são derivados de uma especialização para nos proteger da contaminação alimentar. Como citado pela Dra Carolina, os pesquisadores na área identificam uma relação entre a aversão a diversos eliciadores assim divididos: alimentos deteriorados, fezes, urina, dejetos e secreções de origem animal ("core disgust"), sangue / coágulos, cadáveres, deformidades ou alterações do "envelope corporal", comportamentos animalescos em seres humanos (evocadores na natureza animal), contato físico com pessoas estranhas ao próprio meio social (repugnancia interpessoal) e aversão a pessoas associadas a comportamentos de natureza delituosa, transgressora ou imoral, como homicídio, homosexualidade, comportamento sexualmente promíscuo e certas noções de "pecado" (domínio moral da repugnancia). Interessantemente, o contato com esses elementos eliciadores desencadeia no cérebro a atividade da ínsula (a área gustativa primária) e respostas apropriadas ao manejo da ingestão de alimentos inapropriados, como a náusea objetiva ou "conceitual", ou sua prevenção, como a aversão ao contato físico e a precupação com a disseminação da contaminação, em leis psicológicas referidas como o princípio da semelhança e do contágio. Essas características parecem universais, exibem predisposição ao aprendizado, são adquiridas por modelação e tem em respostas típicas da expressão facial seu grande fator inato de identificação.


Expressão facial típica da repugnancia




Mesma expressão em homem da Nova Guiné, enojado com a comida do pesquisador Paul Eckmann



A universalidade dessas manifestações psicológicas e de seu aprendizado faz supor que se trate de toda uma trajetória adaptativa da espécie iniciada e sobreposta aos mecanismos primitivos da repulsa alimentar.

Finalmente a Dra Carolina apresenta evidências de possivel envolvimento de desregulação dos mecanismos neurais da repugnancia em patologias como TOC, fobias a animais, insetos e sangue / ferimentos, Transtorno ansioso social, depressão e dependências a substâncias.

A Dra Carolina tem intenção de desenvolver pesquisas no ambulatório de ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Paraná e promete trazer novas notícias de seus trabalhos.

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