quinta-feira, 23 de julho de 2009

Reunião 18/07/09 "Comorbidade entre trantornos ansiosos e TOC com comportamento antisocial: uma associação acidental ou comum?"

A reunião contou com a apresentação de video do paciente P.H., de 20 anos, atendido no ambulatório didático de ansiedade do IPP por ser portador de forma grave de TOC, com obsessões de dúvida e simetria e rituais extensos de verificação. O paciente revela no vídeo um histórico de transtorno de conduta na infância (síndrome hipercinética? TDAH? transtorno de conduta primário?) e ideação agressiva não egodistônica atual (ou seja, ideias e desejos reais). Em seguida foi apresentado o resumo do caso pela médica assistente, Dra Fernanda Favero, e foram apresentados (pela Dra Fernanda e pela Dra Pryscila Lemos, especializandas do IPP) resumos de dois artigos:

"Understanding Comorbidity of Anxiety Disorders With Antisocial Behavior Findings From Two Large Community Surveys" (J Nerv Ment Dis 2004;192: 178–186) de Jitender Sareen, MD,* Murray B. Stein, MD,† Brian J. Cox, PhD,* and Stephen T. Hassard, BA(h), BSc


A tabela abaixo mostra dados de duas grandes pesquisas epidemiológicas, o "
National Comorbidity Survey" dos EUA e o "Ontario Health Survey" canadense


Clique na imagem para visualizar melhor



"Serotonergic function in children with attention-deficit hyperactivity disorder Relationship to later antisocial personality disorder" (British Journal of Psychiatry, 190, p 410 - 414) de Janine D. Flory, Jefrey H. Newcorn, Carlin Miller, Seth Harty e Jeffrey M. Halperin

A tabela abaixo mostra a relação da curva plasmática de prolactina induzida por fenfluramina em crianças com TDAH, coletada entre sujeitos de 9 a 11 anos, e a ocorrencia de comportamento antisocial (representado no gráfico pelo diagnóstico de transtorno de personalidade antisocial) reavaliada 9 anos mais tarde


Os artigos descrevem uma comorbidade maior do que o esperado entre transtornos ansiosos e comportamento antisocial (o primeiro artigo) e risco futuro de desenvolvimento de comportamento antisocial em portadores de anomalias funcionais, detectadas na infância, da atividade serotonérgica (importante na fisiopatologia dos transtornos ansiosos).


A discussão pelos presentes se focou nos mecanismos pelos quais a comorbidade pode se explicar: defeitos neurofuncionais comuns entre os transtornos ansiosos (no caso em questão o TOC) e os comportamentos antisociais? Sobreposição de déficts de controle de impulsos? Relação com certos aspectos da psicopatologia ansiosa envolvida (obsessões de violência no TOC com baixa crítica ) e comportamento agressivo?

Foi ainda discutida a controvérsia constituição versus comportamento, como candidatos a fatores responsáveis pela síndrome antisocial, havendo questionamentos quanto à real natureza da mesma e seu significado prognóstico.

Foram grandes o comprecimento e a participação dos presentes, especialmente dos Drs. Crsitiano Alvarez, Luis Fernando Petry, Marco Aurelio Costa e Ana Karina Virmond, além dos apresentadores (Dr. André Astete, Dras Fernanda Favero e Prycila Lemos)


André Astete


Nenhum comentário:

Postar um comentário